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“Toda a acção deve ter ética”

– Brazão Mazula convoca a consciência moçambicana ao pensar e agir responsável

Numa época em que o certo e o errado se diluem entre interesses, discursos e conveniências, o Professor Doutor Brazão Mazula levanta a voz, não para acusar, mas para convocar. No lançamento do livro “Xⁿ: Pensar e Agir Ético”, ocorrido na Quarta-feira, 28 de Maio, em Maputo, Mazula partilhou com o público uma obra que não apenas reflecte sobre ética, mas desafia cada cidadão moçambicano a viver à altura dela.

Coordenador e também co-autor, ao lado dos Professores Emília Nhalivilo, Celestino Mussumar, Dércio Tsandzana e Francisco Fumo, Mazula apresenta um tratado ético-filosófico distribuído em oito capítulos e 206 páginas, com temas que vão da educação à bioética, passando pela política, tecnologia, ambiente e género. Mas é a sua tese central que dá o tom provocador da obra e o título desta reportagem:
“Toda a acção deve ter ética.”

Segundo Mazula, o título da obra Xⁿ é uma metáfora precisa: O X representa o sujeito a quem a obra se dirige – pode ser um indivíduo, uma instituição ou um colectivo. O N, como expoente, representa o grau de responsabilidade desse sujeito. “Pensar está para o sujeito e o agir para o expoente N”, esclarece.

O autor não está a escrever apenas para académicos ou políticos, mas para todos quantos, a cada dia, tomam decisões com impacto social, económico ou moral. No seu entender, agir sem consciência ética é abdicar da própria humanidade.

O livro abre com uma reflexão sobre a educação em Moçambique, onde os autores demonstram preocupação com a perda de sentido ético no processo de ensino-aprendizagem. Para eles, ensinar não é apenas transmitir conhecimento, mas formar consciências éticas.

No segundo capítulo, a ética parlamentar é analisada como um compromisso que nasce do conhecimento. O deputado que debate sem saber o que está em causa, age de forma antiética, dizem os autores.

Por seu turno, o ensino superior surge no terceiro capítulo, como laboratório de humanização, onde se propõe o resgate do humanismo africano através do conceito de ubuntu.

No quarto capítulo, os autores mergulham na ética ecológica, articulando filosofia, história e antropologia, para pensar o papel do cidadão na resposta à crise ambiental.

Segue-se a denúncia do défice ético nas instituições públicas, a análise da neblina virtual provocada por falsidades e intolerância nas redes, a reflexão sobre género e, por fim, no oitavo capítulo, o debate sobre bioética nas unidades sanitárias com recursos escassos.

A apresentação do livro esteve a cargo do Prof. Doutor José Blaude, Director da Faculdade de Filosofia, perante uma audiência composta por académicos, figuras políticas e representantes da sociedade civil.

A Secretária de Estado das Artes e Cultura, Matilde Muocha, destacou a pertinência do lançamento: “Testemunhar o lançamento deste livro não poderia ter sido mais oportuno e urgente, pois nos remete a reflexão e proposta de soluções face aos desafios constantes, na vida pública e privada, sobre o que é certo ou errado.”

Mazula não é estranho aos grandes debates nacionais. Intelectual comprometido, ex-Presidente da Comissão Nacional de Eleições, Reitor, académico de referência e activista do pensamento crítico, volta à cena pública com uma obra que incomoda e inspira.

 

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