HomeExtensão & Inovação“Serviços de saúde não estão preparados para intervenção clínica”, afirma investigador

“Serviços de saúde não estão preparados para intervenção clínica”, afirma investigador

O investigador da Faculdade de Medicina, Doutor Joaquim Sebastião Matavele, afirmou que os serviços de saúde, no país, ainda não estão preparados para a intervenção clínica e psicossocial para atender a casos de violência protagonizada pelo parceiro íntimo (violência
sexual), porquanto existem lacunas ao nível de organização do ambiente hospitalar, das ferramentas para rastreio e diagnóstico dos protocolos e diretrizes e, ainda, incapacidade
técnica para intervenção.

Assim, o pesquisador sublinha que o pro-cesso de manejo dos casos de violência pelo parceiro íntimo é deficitário e não tem sido rotineiro.

O académico fez estes pronunciamentos durante a apresentação de um estudo in-
titulado “Avaliação do Processo de Manejo da Violência pelo Parceiro Íntimo (VPI)
em Unidades Sanitárias seleccionadas do Serviço Nacional de Saúde em Moçambi-
que”, para a obtenção do grau de Doutor em Biociência e Saúde Pública, pela Facul-
dade de Medicina da UEM.

A pesquisa conclui que a violência do tipo sexual protagonizada pelo parceiro íntimo é a que mais tem sido reportada nas unida-des sanitárias do serviço nacional de saúde em Moçambique, seguida da violência do tipo física e do tipo psicológica, sendo pre-
dominante em adolescentes e jovens prove-nientes das zonas urbanas.

Os factores sociodemográficos como sexo, idade e zona de proveniência estão asso-
ciados à ocorrência do VPI, tendo sido ve-rificada a existência de associação entre o tipo de violência pelo parceiro íntimo e a proveniência da vítima rural/urbana, com a área urbana a apresentar duas vezes mais chances de casos de violência em compara-
ção com as áreas rurais..

Segundo o estudo, existe associação entre o tipo de violência e a faixa etária, enquan-
to o sexo das vítimas não se relaciona com qualquer tipo de violência.
A pesquisa demonstrou que, com base em ferramentas de registo de rotina em uni-
dades sanitárias, nomeadamente livros de registo e fichas de notificação, foram re-
gistadas cerca de 2 mil utentes vítimas de violência, das quais pouco mais de 250
protagonizadas pelo parceiro íntimo (do tipo sexual).

O autor da pesquisa explica que o mane-jo dessa violência, ao nível das unidades sanitárias, é garantido através de um me-canismo multissectorial de atendimento à mulher vítima de violência. “Há uma de- monstração de identificação de casos no Serviço Nacional de Saúde, entretanto, o manejo de VPI nas unidades sanitárias é
deficitário’’, frisou

Fez saber que os cuidados da violência ba-seada no género, no país, abrangem 70 por cento das unidades sanitárias, entretanto,os dados reportados não incluem, de forma
objectiva, a informação sobre a violência perpetrada pelo parceiro íntimo, em todo
o processo de intervenção.

O estudo, que decorreu nos anos 2022 e 2023, visava analisar os casos de manejo de violência protagonizadas pelo parceiro ínti-mo, em 3 unidades sanitárias seleccionadasna província de Maputo e 4 unidades em Gaza.

 

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR !

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

ANÚNCIOS

.

Mais Visto