HomeExtensão & InovaçãoObra “Identidades, Lembranças e Esquecimento” retrata 40 anos de percurso do CEA

Obra “Identidades, Lembranças e Esquecimento” retrata 40 anos de percurso do CEA

Foi lançado, esta Quinta-feira (31/08), em Maputo, o livro intitulado “Identidades, Lembranças e Esquecimento, 40 anos do Centro de Estudos Africanos (CEA)”, organizado pelos Professores Teresa Cruz e Silva, Amélia Neves Souto e Collin Darch. A obra, nos seus 11 capítulos, retrata conteúdos de pesquisas desenvolvidas sobre políticas e estratégias de desenvolvimento de Moçambique, ao longo dos 40 anos da existência do CEA, com destaque para os anos imediatamente a seguir à proclamação da independência nacional.


Entre as características do CEA, o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, que apresentou o livro, ressalta uma que considera muito importante, de um Centro livre da interferência do poder político, onde os investigadores eram encorajados pelo então Reitor, Prof. Doutor Fernando Ganhão, a serem livres de exercerem as suas actividades, de acordo com as suas capacidades científicas e sua consciência.
O antigo estadista referiu que o livro traz tona debates, por vezes intensos, ocorridos entre investigadores com diferentes opiniões sobre os assuntos a estudar, entre nacionais e estrangeiros, confirmando um ambiente de ampla liberdade e independência académica, como apanágio fundamental da Instituição.
Entre estudos e cursos de formação de jovens investigadores moçambicanos e de quadros ocupando cargos no aparelho do Estado, Chissano refere, citando o livro, que o foco do Centro eram os processos de transformação económica de Moçambique, especificamente relacionados com o processo de socialização do campo, por via de machambas estatais ou complexos agro-industriais, aldeias comunais e cooperativas agrícolas.
Segundo o antigo Presidente, o livro também lembra as referências de modelos de desenvolvimento de Moçambique independente, de orientação socialista, que a Frente de Libertação de Moçambique trazia da luta, e que o Professor Aquino de Bragança, Ruth First e outros investigadores procuraram compreender nos estudos de campo em regiões como Mueda e outros locais. “Essas referências vinham das zonas libertadas durante essa mesma luta, onde a FRELIMO ensaiou a instalação de modelos de administração de territórios, modo de produção e comercialização de bens”, disse.
Na sua intervenção, o Reitor da UEM, Prof. Doutor Manuel Guilherme Júnior, lembrou os contornos que levaram à criação do CEA, quando, em 1975, o então Reitor da UEM, Prof. Doutor Fernando Ganhão propôs ao Professor Aquino de Bragança a criação de um Centro de Estudos Africanos visando, essencialmente, aprofundar o conhecimento da realidade de uma nação recentemente independente, criar alicerces para a criação de uma escola de ciências sociais em Moçambique e apoiar no processo de formação de quadros, para levar à cabo os objectivos da construção, consolidação e desenvolvimento da então jovem nação.
De acordo com o Reitor, estes objectivos alicerçaram-se em programas de ensino, pesquisas inter e transdisciplinar e disseminação de resultados, sempre centrados nos problemas reais do país e da região.” Tratou-se de uma abordagem que impôs uma roptura com a abordagem colonial, a todos os níveis, sociocultural, económico, político e intelectual, o que, de forma natural, tornou o CEA livre do processo de descolonização e libertação intelectual das ciências sociais de que o país e a região precisavam”, frisou.
Essa posição do CEA, segundo o Reitor, projectou o reconhecimento intelectual e institucional a nível nacional e internacional. A nível nacional, o CEA tornou-se numa fonte importante de conhecimento útil para influenciar o desenho de políticas para o desenvolvimento e estratégias de cooperação na região e no mundo. A nível internacional, a vinda da Professora Ruth First e os trabalhos de pesquisa e análise dos processos regionais catapultaram a vinda de diferentes intelectuais de diferentes partes do mundo, cristalizando uma posição de prestígio na produção e disseminação do conhecimento.
Mas, segundo o Reitor, não foi apenas na produção e disseminação do conhecimento científico, uma vez que o CEA também se destacou no ensino e na formação de quadros capazes de resolver problemas que o país havia identificado, tendo introduzido cursos de Estudos e Desenvolvimento e o de Desenvolvimento Rural.
Em representação dos organizadores, a Professora Doutora Teresa Cruz e Silva, agradeceu aos autores dos artigos que integram o livro e dos editores das revistas que autorizaram os organizadores a publicarem alguns textos escritos originalmente em inglês e traduzidos em português.
Ainda durante o evento de lançamento do livro, o jornalista Fernando Lima, deu um testemunho na qualidade de antigo estudante do curso de Estudos e Desenvolvimento, do CEA, tendo destacado a qualidade dos seus professores e da formação recebida para a construção da sua personalidade hoje.

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