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Estudo da UEM analisa tensões sociais

O Centro de Estudos de Economia e Gestão (CEEG) da Universidade Eduardo Mondlane apresentou, na Terça-feira, em Maputo, um estudo que analisa os desafios da convivência entre pessoas deslocadas devido ao terrorismo em Cabo Delgado e as comunidades que as acolhem na cidade de Pemba.

A pesquisa, desenvolvida no âmbito do Programa Crescimento Inclusivo, foi conduzida pelo investigador Henrique Barros, que alertou para a existência de tensões latentes entre deslocados e acolhedores, alimentadas por condições socioeconómicas adversas que afectam ambos os grupos.

Segundo o investigador, embora os deslocados enfrentem situações de maior vulnerabilidade, as comunidades locais também vivem em contextos marcados por pobreza e exclusão social, o que gera incompreensão e frustração em relação à ajuda humanitária canalizada, sobretudo, para os recém-chegados.

“A população residente em Pemba não está em situação tão crítica quanto os deslocados, mas também vive na pobreza. Por isso, muitos não compreendem por que razão a distribuição alimentar abrange somente aos acolhidos”, explicou Henrique Barros.

O estudo intitulado “O poder do diálogo: deslocação forçada e integração social em meio a uma insurgência em Moçambique” mostra que 42% da população acolhedora associa o aumento da insegurança aos deslocados, revelando um clima de desconfiança e dificuldades de integração social. Além disso, 30% dos residentes considera que os deslocados recebem tratamento excessivamente favorável, o que contribui para o agravamento de tensões locais.

Henrique Barros sublinhou que o cenário moçambicano é distinto de outras crises migratórias, como a dos refugiados sírios na Europa, onde a disparidade económica entre acolhidos e acolhedores é maior. Em Pemba, tanto os deslocados quanto os acolhedores partilham a escassez, o que exige estratégias de integração mais sensíveis e inclusivas, alerta o investigador.

Como solução, o estudo recomenda a promoção de espaços de diálogo comunitário, com a participação activa de deslocados e residentes locais, para fortalecer a empatia mútua, reduzir estigmas e consolidar uma convivência mais harmoniosa.

O seminário, em que o estudo foi apresentado, reuniu académicos, representantes de organizações da sociedade civil e parceiros de desenvolvimento, interessados em debater respostas sustentáveis à crise humanitária no norte de Moçambique.

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