O académico moçambicano, Prof. Doutor Jorge Ferrão, disse que, doenças como a malária, Sida, Tuberculose e saúde-materno infantil têm sido largamente estudadas em Moçambique e em África, em detrimento de doenças como tripanossomose, as doenças mentais, as genéticas e tipos de câncer que continuam a receber pouca atenção. A neglicência destas doenças na pesquisa pode ser atribuída a vários factores, como os recursos limitados, a baixa prevalência, as prioridades em saúde e as disparidades globais com o financiamento. “Nós como pesquisadores temos que assumir as consequências desta negligência”, disse.
Fez saber que se, em 2007, o peso da morte por HIV-SIDA era de 27 por cento, em 2021, situou-se na casa do 13 por cento, mais ainda significativo foi a redução da mortalidade causada pela malária cujo peso da mortalidade foi de 29 por cento, em 2007, e passou para 4 por cento, em 2021.
Segundo Ferrão, trata-se de uma vitória que tem sido mantida de forma silenciosa e cúmplice e que não desperta ainda motivos para uma avaliação das determinantes desta acentuação mais acelerada.
Entretanto, surgem outros determinantes como o câncer e o trauma pós acidentes de viação que, em 2007, representavam apenas 4 por cento da mortalidade, mas que, em 2021, subiram para 8 por cento.
Como observador externo e sem interferência dos processos decisórios ligados a área da saúde, o Prof. Doutor Jorge Ferrão, constatou que à semelhança de maior parte dos países africanos, Moçambique continua a enfrentar dificuldades para colheita, registo e notificação de casos de morte.
Jorge Ferrão falava na qualidade de orador principal na cerimónia de abertura oficial do VI Simpósio Anual do Fórum Africano de Pesquisa e Educação em Saúde (AFREhealth).
Doenças mentais e tipos de câncer continuam negligenciadas nas pesquisas”, alerta Jorge Ferrão
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